PT e parte do PMDB vão manter vetos
ao Ato Médico, diz líder
Brasília – Na véspera da apreciação de 127 vetos presidenciais pelo
Congresso Nacional, o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães
(CE), disse que parlamentares de várias bancadas acenaram a favor da
manutenção dos vetos ao Ato Médico, lei que regulamenta a prática da
medicina.
"Não é que todas as bancadas sejam favoráveis [à manutenção dos
vetos], mas nós do PT, boa parte do PMDB e outras bancadas vamos manter o
veto", relatou o líder. Profissionais de diversas categorias da área da
saúde, como enfermagem, psicologia e fisioterapia, foram ao Congresso
para pedir aos parlamentares que mantenham os vetos da presidenta Dilma
Rousseff à lei.
Para o secretário executivo do Conselho Nacional de Saúde, Márcio
Florentino, a manutenção dos vetos é importante para a continuidade do
modelo multiprofissional adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele
adianta que cerca de 10 mil profissionais de saúde irão ao Congresso
amanhã (20) para tentar impedir a derrubada dos vetos. Os profissionais
alegam que se a lei for aprovada sem os vetos, haverá uma hierarquização
da saúde e todos os profissionais ficarão submetidos ao diagnóstico dos
médicos.
O presidente do Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria, Ricardo
Bretas, argumenta que todas as categorias atuam para que o paciente
tenha o melhor atendimento.
"Os médicos estudaram para trabalhar na alta complexidade, mas os outros profissionais atuam para evitar que o paciente chegue a esse ponto", ressaltou.
"Os médicos estudaram para trabalhar na alta complexidade, mas os outros profissionais atuam para evitar que o paciente chegue a esse ponto", ressaltou.
Um dos trechos vetados pela presidenta Dilma Rousseff foi o Inciso 1
do Artigo 4º que estabelecia ser privativo aos médicos o diagnóstico e a
prescrição terapêutica (tratamento) de doenças. Ao justificar o veto, a
Presidência da República alegou que a medida iria afetar programas da
rede pública de saúde, que funcionam com atuação de diversos
profissionais de saúde. O inciso motivou protestos de diversas
categorias, como fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos. O veto foi
contestado pelas entidades representantivas dos médicos.
Atualmente, protocolos do Ministério da Saúde autoriza enfermeiros
diagnosticar e iniciar o tratamento de doenças, como malária,
tuberculose e dengue para posterior atendimento pelos médicos.
O projeto tramitou por quase 11 anos no Congresso Nacional e o
texto, sancionado com vetos parciais pela presidenta no último dia 11 de
julho, assegura atribuições específicas aos médicos.
Foram vetados os dispositivos que impedem a atuação de outros
profissionais na indicação de órteses e próteses, como oftalmológicas,
calçados ortopédicos, cadeiras de rodas, andadores e próteses auditivas.
Houve veto ainda no trecho que permitia somente ao médico
procedimento de invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para
injeção, sucção, punção, insuflação, drenagem, instilação e enxertia. De
acordo com o governo, caso a redação fosse mantida, a prática da
acupuntura teria de ser privativa de médicos, restringindo a atenção à
saúde e o funcionamento do SUS. Foi vetada também que direção e a chefia
de serviços médicos sejam exercidas exclusivamente por médicos.
Os médicos consideraram os vetos "agressão e traição" à categoria.
“Na nossa visão [o Ato Médico] não significa mais nada. O veto fere de
morte o projeto”, avaliou o presidente do Conselho Federal de Medicina,
Roberto d´Ávila, na época da divulgação dos vetos. Ele defende que a
categoria é a mais preparada para fazer diagnósticos e indicar
tratamento.
“A votação dos vetos é mais um momento histórico para a medicina
brasileira. A derrubada das mudanças traz ganhos para a sociedade, que
poderá exigir dos gestores e empresas o acesso ao melhor tratamento e
médicos qualificados que atendam em sintonia com uma equipe
multiprofissional”, avalia d’Ávila, em nota divulgada hoje (19).
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-08-19/pt-e-parte-do-pmdb-vao-manter-vetos-ao-ato-medico-diz-lider
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