Falácia dos antioxidantes
Descobridor do DNA: "Antioxidantes não retardam envelhecimento e podem causar câncer"
Muito tem-se falado sobre os antioxidantes e seu eventual papel no retardamento dos efeitos
do envelhecimento.
Essa informação
tornou-se um paradigma tão bem estabelecido no meio científico que quase a
totalidade dos pesquisadores que lidam com o metabolismo incluem em seus
argumentos, na forma de um pressuposto básico, que os "antioxidantes
contribuem para retardar os efeitos do envelhecimento" e outros benefícios
desses compostos.
Contudo, essa afirmação vem sendo questionada por
estudos criteriosos já há algum tempo.
Em 2008, duas equipes foram taxativas em suas
conclusões, afirmando que os antioxidantes não retardam envelhecimento e demonstrando isso
de forma experimental.
Em 2011, cientistas alemães se concentraram nas
chamadas espécies reativas de oxigênio, mais conhecidas como radicais livres.
Como os radicais livres são oxidantes - causam oxidação - os antioxidantes
contrapõem-se aos seus efeitos.
Mas o estudo mostrou que os oxidantes não estão
associados com o envelhecimento, como se supunha:
Na verdade, já se demonstrou que os hoje tão
temidos radicais livres controlam a força das batidas do coração, são cruciais no controle do apetite e, ao contrário do que se
apregoa, que os radicais livres podem ter um efeito antienvelhecimento.
Linha anti-antioxidantes
Agora, essa linha de pesquisas
ganhou uma adesão de peso.
Ninguém menos do que James Watson, um dos ganhadores
do Prêmio Nobel pela descoberta do DNA, publicou um longo artigo na revista New
Scientist onde ele enumera inúmeros estudos e argumentos contra a visão
simplista de que oxidantes são do mal e antioxidantes são do bem.
De fato, os oxidantes, embora essenciais para
nossos processos biológicos, podem se tornar tóxicos quando se acumulam em
excesso - como, de resto, a maioria das substâncias.
"Mas essa visão simplista negligencia
evidências de que está em jogo um sistema mais complexo," alega o Dr.
Watson.
"Por exemplo, legumes como a couve-de-bruxelas
e o brócolis, que têm sido associados com benefícios anticâncer, na verdade
produzem esses benefícios através de sua capacidade
de promover processos celulares pró-oxidativos, e não antioxidantes,"
exemplifica ele.
Estudos recentes também mostraram que um conhecido
antioxidante, a vitamina E, pode na verdade aumentar o risco de câncer de próstata.
Nessa mesma área, a falta de conhecimento dos
processos biológicos como um todo, como argumenta o Dr. Watson, ficou claro
quando se demonstrou que a vitamina E protege contra o câncer, mas não em suplementos.
Ou seja, o câncer, assim como os outros processos
associados ao envelhecimento, claramente não responde unicamente à dupla
oxidante-antioxidante.
Não sabemos o suficiente
"Eu suspeito que, uma vez que a célula entra
em seu processo de divisão, ela usa a síntese de antioxidantes para proteger as
cadeias individuais vulneráveis do DNA que está sendo replicado.
"Ainda que a maioria dos terapeutas de câncer
suspeite há muito tempo que as células em divisão são mais vulneráveis aos
agentes matadores de células, a verdade pode ser exatamente o oposto,"
escreve o Dr. Watson.
Segundo ele, a única área que parece ser uma
exceção - fazendo com que os antioxidantes de fato desempenhem um papel
positivo como agente terapêutico - é no campo das demências.
"Talvez devêssemos testar antioxidantes apenas
em indivíduos com risco de doenças neurodegenerativas. A razão para isso é dada
por um certo número de estudos que mostram evidências de que a doença de
Parkinson pode resultar de uma exposição não intencional a oxidantes
fortes. Nós ainda não sabemos por que as pessoas com doença de Parkinson têm
30% menos cânceres sólidos de todas as formas, mas poderia ser devido a níveis
de antioxidantes menores (causados geneticamente)," propõe o nobelista.
"No momento, nós claramente não temos dados
suficientes para levar o mundo na direção do uso seja dos oxidantes, seja dos
antioxidantes," conclui ele.
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=antioxidantes-nao-retardam-envelhecimento-causar-cancer&id=8692
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