- Toda morte que poderia ser evitada causa
indignação. Não podemos classificar isso como aceitável. Assim como nos
acidentes de trânsito, em que faltam fiscalização e melhores estradas,
nas mortes evitáveis falta mais ação do Estado - afirma o coordenador de
Planejamento em Saúde do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Nicanor Rodrigues da Silva Pinto.
O jornal O Globo fez
um levantamento junto à base de dados do Ministério da Saúde,
considerando a Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Foram
somadas as mortes dos itens "algumas doenças infecciosas e parasitárias"
(à exceção da Aids e da septicemia) e a desnutrição. Esse grupo de
males infecciosos e a desnutrição são as chamadas doenças da pobreza,
com média anual de 33,5 mil mortes. A este número, somou-se o item
"morte sem assistência médica", com cerca de 49 mil óbitos registrados
em 2005.
Só de diarréia e infecções intestinais
morreram, em 2005, por exemplo, 10.599 pessoas. A desnutrição, sozinha,
matou 6,9 mil brasileiros. A tuberculose, embora seja curável e tenha um
custo de tratamento de R$ 70 (quando tratada no início e sem
internação), causou mais de 4,7 mil mortes. Em 2005, até a poliomielite
aguda reapareceu, matando 3 pessoas.
Silva Pinto,
no entanto, estima que a pobreza e a fome causem efeitos muito maiores
na mortalidade nacional (1.006.827 mortes em 2005, último ano de dados
registrados pelo DataSUS, do
Ministério da Saúde). Além das doenças da pobreza, há a perversidade da
pobreza, como nos casos de pneumonia, em que morreram 35.903 pessoas.
Para ele, o estado de fragilidade do organismo das pessoas com fome ou
mal-ali$as expõe a maiores riscos, e a falta de acesso aos serviços de
saúde limita as possibilidades de cura. A falta de saneamento,
informação e escolaridade cria o ambiente perverso da proliferação das
doenças.
FONTE: Unisinos (2005)
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/12081-doencas-da-pobreza-matam-226-pessoas-por-dia-no-brasil
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