BBC Doenças tropicais geralmente negligenciadas, como o
mal de Chagas, a lepra, a dengue e a leishmaniose, ainda afetam cerca de
1 bilhão de pessoas em 149 países do mundo, mas de forma “silenciosa”,
segundo relatório divulgado nesta sexta-feira pela OMS (Organização
Mundial da Saúde).
O Brasil é apontado no relatório como tendo
incidência da maioria das 17 doenças tropicais listadas, que podem
causar problemas como cegueira, úlceras e cicatrizes, dor severa,
deformidades e danos em órgãos internos e no desenvolvimento físico e
mental do paciente.
O relatório afirma, no entanto, que o controle desses males, mais comuns em áreas rurais e em favelas urbanas, é “viável”.
Recomendações
A OMS pede a continuação da ajuda de empresas
farmacêuticas no controle das doenças, recomenda que os sistemas
públicos de saúde fiquem atentos a mudanças nos padrões das doenças por
conta de fatores climáticos e ambientais e sugere a coordenação entre
agentes de saúde pública e agentes veterinários – para controlar a
incidência de raiva, por exemplo.
O órgão lista “sucessos” no controle de males,
como a erradicação da doença conhecida como “verme da Guiné”, não por
conta de vacinas, “mas por educação em saúde e por mudanças
comportamentais”.
“Essas doenças debilitantes, às vezes horríveis,
são muitas vezes aceitas como parte da vida das pessoas pobres”, diz
Margareth Chan, diretora-geral da OMS. “Mas estratégias podem quebrar o
ciclo da infecção, da deficiência e da perda de oportunidades que mantém
as pessoas na pobreza.”
Brasil e América Latina
O Brasil apresenta incidência de males tropicais
como dengue, mal de Chagas, raiva, conjuntivite granulosa,
leishmaniose, cisticercose, esquistossomose, tênia, hidática policística
e “cegueira dos rios".
O relatório diz que o Brasil vivenciou um
aumento nos casos de leishmaniose desde 1999.
A doença, antes mais comum
nas zonas rurais, “agora também aparece em áreas urbanas”, por conta da
migração de pessoas do campo às periferias das cidades.
“No Brasil, os cães são o hospedeiro do
parasita” da leishmaniose, que provoca, entre outros problemas, febre,
fraqueza e anemia.
No caso da dengue, a OMS afirma que a doença
ressurgiu na América Latina porque as medidas de controle não foram
mantidas após a campanha para erradicar o Aedes aegypti, seu principal
vetor, durante os anos 1960 e 70. “Grandes surtos acontecem atualmente a
cada três ou cinco anos”, afirma o relatório.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/10/101015_doencastropicais_oms_pai.shtml
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