Soro antiofídico
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal Fluminense (UFF)
revelou que o barbatimão, uma planta medicinal da biodiversidade
brasileira, pode neutralizar o veneno da cobra surucucu.
A descoberta dessa propriedade do barbatimão pode significar um
antídoto quase 50% mais barato do que o soro antiofídico usado
atualmente.
Surucucu
De acordo com o orientador do estudo, o biomédico e professor do
Instituto de Biologia da UFF André Lopes Fuly, a surucucu "é uma
serpente que, apesar de registrar número de acidentes no Brasil pequeno
[2% do total de mais de 49 mil casos registrados entre 2001 a 2006 pelo
Ministério da Saúde], quando comparada com jararaca, responsável por 90%
dos ataques, o índice de letalidade dela é bastante expressivo, três
vezes mais letal que o da jararaca".
Fuly destacou ainda que o baixo número de acidentes também compromete
a produção do soro para o veneno da surucucu. Para o biomédico, a
escassez de pesquisas é apenas um dos aspectos que justificam a busca
por alternativas antiofídicas.
"O soro é produzido por três laboratórios públicos no Brasil
[Instituto Vital Brazil, em Niterói; Instituto Butantan, em São Paulo, e
Fundação Ezequiel Dias, de Belo Horizonte] e tem vantagens e
desvantagens, como qualquer outro tratamento. A vantagem é que, apesar
do índice elevado de acidentes [com cobras], o número de óbitos é baixo.
Mas as desvantagens são importantes, como as reações alérgicas dos
pacientes [de 30% a 40% dos casos], que podem evoluir para o óbito, o
processo de produção e logística de transportes é caro e, ainda, o soro
não reverte os efeitos do veneno com 100% de eficácia", explicou Fuly.
A tese desenvolvida pelo pesquisador Rafael Cisne de Paula, sob a
orientação de André, revelou ainda que o barbatimão, já reconhecido pela
Agência Nacional de Saúde (Anvisa) como medicamento fitoterápico com
propriedades cicatrizantes e antidiarreicas, foi eficiente também na
inibição do veneno da surucucu, mesmo depois de submetida ao aquecimento
de 80 graus Celsius.
"Dez gramas [da planta] podem ser comprados, na internet, por R$ 10.
Dez gramas é uma quantidade razoável para fazer o chá e guardar, já que
[o chá] não requer tantos cuidados como o soro para armazenamento. Isso
já reduz muito o custo da logística e da produção", explicou o
orientador do estudo.
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