Em menos de 20 anos, o Brasil terá 18 milhões de idosos. Em 2025 serão
32 milhões. Apesar de a expectativa de vida ter aumentado, ainda há
muito a fazer. Responsável durante 12 anos por programas de
envelhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), o doutor em saúde
pública Alexandre Kalache, fundador do Departamento de Epidemiologia do
Envelhecimento da London School of Hygiene and Tropical Medicine e
consultor sênior da Academia de Medicina de Nova York, diz o que pode
ser feito para melhorar a qualidade de vida na terceira idade. Ele está
no Brasil para participar do 13º Congresso Internacional da Associação
Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e defende o investimento em
atenção primária e em práticas que levem ao que chama de "envelhecimento
ativo".
Os profissionais de saúde estão preparados para lidar com a terceira idade?
KALACHE - São absolutamente despreparados para lidar com idosos.
Não vamos
conseguir oferecer serviço geriátrico para 18 milhões de idosos.
Primeiro, não é a resposta, não queremos tornar o envelhecimento um
problema médico. Mas precisamos treinar todos os profissionais de saúde
para lidar melhor com essa população.
Geralmente eles sabem tudo de
criança, de gestante, mas não sabem nada sobre terceira idade. E é a
maioria de seus pacientes.
Eles saem das faculdades sem adquirir
conhecimentos para lidar com os idosos.
A grande resposta para o
envelhecimento é a atenção primária na saúde, para evitar a
hospitalização e a institucionalização, opções muito mais caras.
É
preciso atender nossos idosos onde eles vivem, com seu problemas.
Trabalhamos com a Associação Internacional de Gerontologia e definimos
os 15 pontos capitais para o currículo mínimo do médico. O que ele deve
aprender hoje para responder ao envelhecimento. Em 2025, serão 32 milhões com mais de 60 anos no Brasil, em 2050, serão
70 milhões.
O acidente vascular cerebral ou derrame é um desgraça no
Brasil, que tem um dos maiores índices do mundo.
E que poderia ser
prevenido como medidas simples como redução do sal na dieta e prática de
atividade física. Mas, por exemplo, o idoso que mora em comunidades
mais carentes não tem uma calçada para caminhar. Por outro lado, quando a
doença já ocorreu, ele precisa de um lugar adequado para se tratar. E
depois do tratamento vai precisar de fisioterapia, acompanhamento.
Muitas vezes se torna incapaz e ainda terá de viver 15 anos a 20 anos
com esse problema, com má qualidade de vida.
Todos os profissionais de
saúde deveriam estar mais familiarizados com anatomia, fisiologia,
farmacologia, sinais e sintomas de doença na terceira idade.
Um infarto
em pessoa mais jovem causa dor. Já num idoso isso nem sempre ocorre.
Outra doença comum é a depressão, que muitas vezes é confundida com mal
de Alzheimer e não é tratada.
http://www.caams.org.br/?conteudo=noticias¬i_id=11820
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