A formação médica no Brasil adotou o sistema americano do início do
século passado, em que o foco era a atuação em hospitais e a busca pela
superespecialização.
Modelo que não valoriza a relação médico-paciente
ao longo do tempo, tendo em vista que cada profissional cuida de um
diferente órgão do corpo ou de uma certa faixa etária. Hoje, essa
fórmula está ultrapassada, pois não prepara os profissionais para
enfrentar as necessidades da população, que pode - e deve - ser tratada
fora dos hospitais.
Nos últimos 50 anos, porém, muitos países revisaram seus modelos,
priorizando centros de atenção primária. Além disso, estabeleceram, como
condição para o exercício da medicina, a realização de uma residência
em medicina de família e comunidade. Ao menos 40% das vagas passaram a
ser destinadas a essa área.
Em países com sistemas de saúde bem estruturados, como Reino Unido,
Canadá e Espanha, a medicina de família é a principal especialidade.
Mesmo os Estados Unidos vêm investindo há muito tempo na formação de
médicos de família, e hoje essa é a segunda maior especialidade por lá,
reunindo mais de 210 mil profissionais.
O que todos esses países já descobriram há décadas, e que o Brasil
parece estar descobrindo aos poucos, é que é necessário investir na
formação de generalistas.
Sistemas de saúde com forte base na atenção
primária são mais eficientes, geram menos custos e promovem melhores
resultados.
Nulvio Lermen Junior
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,superespecialistas-nao-criam-vinculo-com-os-pacientes-,1072449,0.htm
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