A empresa britânica também mudará a forma de remunerar seus
propagandistas, que deixarão de receber de acordo com o número de
receitas prescritas pelos médicos que eles visitam.
A decisão, anunciada anteontem, é inédita entre as multinacionais
farmacêuticas e entrará em vigor nos países onde a empresa atua a partir
de 2014. Nos EUA, um programa-piloto já está em vigor desde 2011.
Em nota, a GSK no Brasil disse que seguirá as determinações da matriz.
Informou que a empresa vem tomando uma série de medidas com o objetivo
de aumentar a transparência de suas práticas.
Por décadas, as companhias farmacêuticas têm pago médicos para falar a
favor de seus medicamentos em congressos e conferências. Como formadores
de opinião, eles influenciam na decisão de outros profissionais.
Vários estudos, no entanto, têm demonstrado que essas práticas geram
grandes conflitos de interesses e podem levar a prescrições inadequadas
(desnecessárias ou mais caras) aos pacientes.
No Brasil, há um acordo em curso entre a Interfarma (associação que
reúne as multinacionais farmacêuticas) e o CFM (Conselho Federal de
Medicina) que pretende regular essas questões.
"Estamos tentando construir juntos um caminho onde não se tolere
qualquer restrição à autonomia dos médicos. E não é só palavra posta no
papel. Nosso conselho de ética existe, funciona e pune", afirma Antonio
Britto, presidente da Interfarma.
A questão, segundo ele, é que outros segmentos da indústria da saúde
(farmacêuticas nacionais e indústrias de aparelhos e equipamentos em
saúde, por exemplo) não aderiram ao acordo. "Haverá desvantagem
competitiva se não for seguido por todos."
INVESTIGAÇÃO
No caso da GSK, a decisão vem no momento em que a empresa é alvo de investigação na China por pagamentos ilegais a médicos e autoridades do governo. Suspeita-se que a empresa pagasse médicos para viajar a conferências que nunca ocorreram.
No caso da GSK, a decisão vem no momento em que a empresa é alvo de investigação na China por pagamentos ilegais a médicos e autoridades do governo. Suspeita-se que a empresa pagasse médicos para viajar a conferências que nunca ocorreram.
Nos EUA, a GSK encabeça a lista das farmacêuticas recorrentes em penalidades (veja texto ao lado).
Andrew Witty, o CEO da empresa, disse que as mudanças não têm relação
com as investigações na China e que fazem parte dos esforços da empresa
de estar em consonância com a atualidade.
"Nós já vínhamos nos perguntando se não haveria outras diferentes e mais
eficazes formas de operação do que os caminhos que nós, como indústria,
temos operado nos últimos 30, 40 anos?"
Segundo a GSK, a empresa não vai mais pagar aos profissionais de saúde
para falar sobre seus produtos ou doenças que tratam e tampouco
apoiá-los financeiramente para assistir a conferências médicas. A
empresa não informou o quanto economizará com as medidas.
O laboratório informou ainda que continuará pagando aos médicos
honorários de consultoria para pesquisa de mercado e que também vai
estudar novas alternativas para colaborar com a educação médica, com
informações claras e transparentes.
"É o interesse dos pacientes que vem em primeiro lugar", afirmou Witty.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/12/1387287-multinacional-farmaceutica-nao-vai-mais-pagar-a-medicos-para-promover-medicamentos.shtml
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