USP, Unicamp, Unifesp e Unesp estão fora do Revalida
De São Paulo, apenas as Universidades de Ribeirão Preto, de Marília e do Oeste Paulista terão alunos inscritos para o pré-teste do Revalida
Os principais cursos de medicina de São Paulo — Unicamp, USP, Unesp e
Unifesp — estão fora da lista de instituições que terão alunos inscritos
para realizar o pré-teste do Revalida, aplicado pelo Ministério da
Educação (MEC) para validar diplomas de médicos formados no exterior.
Também ficaram de fora cursos tradicionais como o da Santa Casa e o da
PUC-SP.
São Paulo tem 38 cursos, mas só três participarão do exame, todos de
instituições particulares: os das universidades de Ribeirão Preto,
Marília e Oeste Paulista. As duas primeiras têm nota três (regular) no
Conceito Preliminar de Curso (CPC), índice de qualidade do MEC,
publicado em 2010. A do Oeste Paulista teve nota dois, nível
insatisfatório.
O objetivo do MEC ao aplicar o Revalida para brasileiros é "calibrar" a
prova e entender se ela está adequada às diretrizes dos cursos de
medicina do País.
Entidades médicas e especialistas criticam o
pré-teste, sob o argumento de que o diagnóstico serviria para baixar a
dificuldade do Revalida.
Criado em 2011, o exame registrou índices de
reprovação entre 90% e 91%.
Milton Arruda Martins, professor titular de Clínica Médica da Faculdade
de Medicina da USP, diz que as três escolas paulistas escolhidas não
têm representatividade. "A amostra não me parece adequada. São
instituições medianas", diz. O estado tem 18% do total de vagas de
medicina no País, mas, entre os que farão o Revalida, só 10% são
paulistas.
Bráulio Luna Filho, coordenador do exame do Conselho Regional de
Medicina de São Paulo (Cremesp), também critica a amostra. "Escolheram
escolas que não estão entre as dez melhores, que têm problemas de
desempenho do ponto de vista da avaliação feita pelo Cremesp. Não tem
nenhuma pública e nenhuma particular de qualidade", avalia Luna. O teste
do Cremesp é feito há oito anos. É um exame voluntário, e mesmo assim a
taxa de reprovação é alta (54,8% dos alunos não passaram em 2012).
Participantes — O Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao MEC, é o órgão responsável pelo
Revalida. O presidente do Inep, Luiz Claudio Costa, diz que os
resultados não serão divulgados e que não há objetivo de comparação.
Ele
afirma ainda que a escolha de instituições foi feita por região, não
por estado. "A amostra é bem representativa. Foi levada em conta a
proporção de concluintes por curso e níveis de qualidade."
Foram escolhidas dezessete instituições privadas e quinze públicas de
uma lista inicial com 144 cursos — que haviam registrado participação de
ao menos dois alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade).
Houve universidades que, convidadas, recusaram-se a participar,
como a Unicamp.
"Não participamos de nenhuma das discussões, da
metodologia para elaboração das questões. Estamos abertos à prova, desde
que a universidade esteja envolvida na formatação", diz Maurício
Etchebehere, coordenador do internato da Unicamp.
Costa nega que tenha havido boicote. USP, Unesp e Unifesp negam que
tenham sido consultadas. O diretor da Escola de Medicina da Unifesp,
Antonio Carlos Lopes, diz que seria provável que a unidade recusasse. "A
impressão é que a congregação se oporia a isso, já que está totalmente
contra ao projeto [Mais Médicos]".
USP disse que não concorda com o pré-teste.
Na lista de 32
instituições brasileiras que terão alunos no Revalida, apenas nove estão
entre as consideradas boas pelos critérios do MEC.
Incentivo — Um dos temores dos professores de medicina é de que,
por ser voluntário, os alunos não se empenhem no Revalida. O Inep
estuda oferecer, como incentivo aos participantes, gratuidade na
inscrição para a prova de residência — especialização feita após a
formatura. A sugestão teria vindo das próprias instituições. Segundo
Costa, a participação já demonstraria comprometimento. "Como só ele
poderá ver o resultado, a autoavaliação é um incentivo."
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/usp-unicamp-unifesp-e-unesp-estao-fora-do-revalida
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