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Friday, 11 June 2021
Justiça
Recém-formados em medicina não têm condições de tratar mais do que uma gripe
Professor diz que muitos dos recém-formados não têm condições de tratar mais do que uma gripe 2003 - É com terrível perplexidade que o especialista se depara com jovens médicos que nem sequer conhecem a exata localização do coração nem sabem dizer quantas são as válvulas cardíacas. De acordo com o médico, eles são os produtos finais da fábrica de faculdades médicas de péssima qualidade montada no País, nos últimos anos. São médicos sem noções básicas de anatomia, incapazes de realizar um bom exame ou de apresentar um raciocínio clínico que leve a um diagnóstico correto. Ou seja, não estão preparados para exercer a profissão. Segundo Lopes, dos cerca de dez mil novos médicos formados a cada ano no Brasil, 90% não estão treinados o suficiente para oferecer um bom atendimento e deveriam voltar para os bancos da universidade. “No máximo eles conseguem tratar problemas como uma diarréia. Nada de casos complexos”, afirma. Em sua opinião, quem sai perdendo, obviamente, são os paciente. “Eles estão correndo riscos”, alerta. Ex-presidente do American College of Physicians – maior entidade de clínicos gerais do mundo –, Lopes defende que não seja permitida a abertura de mais nenhuma faculdade médica no Brasil e se realize uma avaliação dos cursos existentes. Ele sugere que aqueles que não apresentarem um nível satisfatório de qualidade sejam fechados. “Muitas faculdades surgiram porque o reitor imaginava que deveria ter um curso de medicina para que sua instituição tivesse mais força. Montava-se um programa pedagógico sem compromisso ético com o ensino e com a comunidade, sem estruturas adequadas e sem hospital universitário”, observa. O clínico geral também critica a existência dos cursinhos preparatórios para a residência médica, uma invenção brasileira criada para treinar os estudantes para que eles passem nos exames de admissão para esses cursos. “Os alunos do quinto e sexto ano estão sacrificando a graduação no momento em que teriam de aprender raciocínio clínico. Sacrificam esse período para decorar respostas”, diz. Segundo ele, esses cursos provam, com sua existência, que as faculdades não oferecem um ensino de qualidade. Se oferecessem, os cursos não precisariam existir. "O ensino é fragmentado. Exemplo: a faculdade usa um hospital para que os alunos possam treinar. Quem dá a conduta de um paciente é o staff do hospital, e o professor vai lá e dá uma aula, sem concordar com o que foi feito. Não há vínculo direto com os hospitais em muitas dessas escolas." ISTO É - Qual o mercado de trabalho desses profissionais recém-formados? ANTÔNIO CARLOS LOPES -A alternativa atual é ir para os programas de médicos de família. Há, portanto, um risco para os pacientes? ANTÔNIO CARLOS LOPES - Sim. Essas faculdades lançam no mercado milhares de alunos que muitas vezes mal sabem escrever uma cartilha. É uma enorme quantidade de pessoas. Delas, muitas não conseguem nem entrar na residência. E aí há outro problema. A residência médica é a melhor forma de treinamento e aprendizado após a graduação. Mas, na grande maioria das vezes, ela representa uma mão-de-obra barata. Não há supervisão, modelo pedagógico, estrutura acadêmica. A grande maioria dessas escolas tem residência sem supervisão. Isso mostra que falta uma avaliação adequada dos programas de residência médica. Qual o mercado de trabalho desses profissionais recém-formados? ANTÔNIO CARLOS LOPES - A alternativa atual é ir para os programas de médicos de família. ISTOÉ - O sr. acha que é preciso extinguir também os cursinhos preparatórios para residência? ANTÔNIO CARLOS LOPES - Eles deveriam ser proibidos. O cursinho preparatório é prejudicial às escolas médicas. Não ensinam absolutamente nada, a não ser como passar no exame para residência.
Fonte: Isto É